Jornalismo no Interior
Mais do que notícia à venda
O papel do jornal não é apenas o de bem informar. O jornalismo no interior já provou ser uma atividade que vai além da multiplicação das informações para atingir a um grande público e formar opinião. Decerto, a notícia, nas regiões interioranas, não é apenas mais um produto à venda.
O papel do jornal, neste caso, tem mais a ver com a auto-afirmação como “um lugar no mundo”. O jornalismo tem como função (pelo menos deveria ter) de preservar a cultura local, garantir a manutenção da democracia e, também, o direito de toda a sociedade à informação, mantendo assim uma identidade das cidades e de sua gente. É através da atividade jornalística que – hoje com a ajuda de ferramentas como a Internet – um lugarzinho qualquer se torna um lugar no planeta, na enciclopédia mundial da globalização. É assim que a pequena aldeia regional se torna parte da grande aldeia global, suscetível e ao mesmo tempo promotora dos efeitos borboleta dentro do campo da comunicação.
No interior, quando o repórter produz uma reportagem sobre a cidade onde não só o jornal, mas ele também está localizado, onde nasceu e foi criado, esse profissional não apenas repassa a informação, ele a sente, ele é peça desse fato, deste contexto social em que se encontra a notícia. É diferente daquele distanciamento com que os grandes jornais falam das cidades do interior. É um jornalismo que vivemos na pele, jornalismo de proximidade, uma comunicação interpessoal com o leitor.
A imparcialidade – embora seja ela um mito do jornalismo e que normalmente só costuma existir na teoria – é fator determinante para o sucesso de um jornal, levar com imparcialidade tudo que o ocorre na região que o jornal representa é a principal função do jornalismo. O papel do jornal no interior é importantíssimo, pois é através dele que se adquire informações e abrimos um campo de discussões sobre os problemas existentes. Porém a realidade nem sempre é esta, pois ainda há muitos “coronéis” espalhados pelo interior. Mesmo assim, sobressai ainda o jornal com maior credibilidade, conquistada através de uma postura imparcial diante das várias correntes políticas e sociais.
A dificuldade de se conseguir patrocinadores, o que torna a sustentabilidade do jornal uma difícil tarefa a ser cumprida, assim como manter uma linha editorial independente, a falta de patrocinadores privados é outro problema. Quase todos os veículos dependem de verbas públicas, e acabam atrelando seus projetos ao político de plantão. Isso interfere bastante na qualidade do trabalho. É certo que imparcialidade é utopia, mas há muitos veículos por aqui que podem ser confundidos com boletim de campanha.
Texto: http://www.quediaehoje.net/detalhes.asp

Nenhum comentário: