Pesquisadores criam um desinfetante bucal com o açafrão menos nocivo e mais potente
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP),
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade
Estadual Paulista (Unesp) desenvolveram um desinfetante bucal a base de um
princípio ativo do açafrão da terra. Associado a uma luz de LED azul, o produto
é capaz de reduzir a quantidade de bactérias da boca por um período maior do
que os itens atualmente utilizados pelos dentistas em tratamentos e
procedimentos cirúrgicos.
O açafrão da terra é muito usado
para dar sabor às carnes e também uma cor amarelada aos alimentos indianos.
Contudo, os benefícios do pó amarelo vão além da cozinha. Os pesquisadores
descobriram que o ingrediente possui um princípio ativo chamado cúrcuma.
“A cúrcuma é uma substância química
que faz parte do metabolismo da planta, ou seja, é produzida por diversos
mecanismos como defesa e controle de pragas. Em termos de consumo humano, acaba
tendo atividades variadas, e uma delas é a atividade fotobiológica”, explicou o
pesquisador da UFSCar Kleber Thiago de Oliveira.
Tratamento
Como o componente químico raramente
causa alergias nas pessoas, a ideia é de que seja utilizado em desinfetantes
bucais nos tratamentos dentários, junto da luz de LED azul. Com a descoberta,
os pesquisadores passaram a fazer a terapia fotodinâmica. Para o procedimento,
basta que o paciente faça um bochecho com o desinfetante bucal feito desse
princípio ativo e, em seguida, seja submetido a uma luz azul dentro da boca.
“A luz vai reagir com esse corante
fotosensibilizador e vai gerar um oxigênio tóxico, uma bactéria, e vai causar o
efeito antimicrobial. Atualmente, o padrão para se fazer uma descontaminação
bucal antes de uma cirurgia ou outro tipo de intervenção, são usadas soluções à
base de clorexidina. Ela pode causar gosto metálico na boca, manchamento nos
dentes, e outros problemas que nossa terapia pode evitar”, explicou o dentista
e doutorando da USP Vitor
Hugo Panhoca.
Em cerca de três minutos, é
possível diminuir a quantidade de microorganismos existentes. O resultado dura
mais tempo do que quando se usa um enxaguante comum. Assim, se o tratamento
demorar mais do que o previsto, o paciente continua protegido das bactérias.
“Até duas
horas após a sessão de terapia fotodinâmica houve redução das bactérias na
boca.”, explicou a pesquisadora da USP, Fernanda Paolillo.
Inicialmente, a técnica deve ser
utilizada pelos dentistas em procedimentos cirúrgicos. Diferente de um
enxanguante bucal comum, o produto não possui efeitos colaterais, já que são
utilizados somente extratos da planta e uma luz. Além disso, o efeito é
cumulativo para quem faz várias sessões.
Os estudos já estão em fase final.
A expectativa é que em pouco mais de um ano a técnica possa ser utilizada pelos
dentistas. “Estamos trabalhando para que isso possa, dentro de um ou dois anos,
estar no mercado para o uso das pessoas”, disse Kleber Thiago de Oliveira.
Fonte: http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2015/02/pesquisadores-criam-um-desinfetante-bucal-menos-nocivo-e-mais-potente.html
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